Game Music: Assassin’s Creed

em 11/01/2013

Lutas, intrigas, caçadas, investigações e muito sangue derramado por aqueles que anseiam por justiça e liberdade contra a força avassalad... (por Unknown em 11/01/2013, via GameBlast)


Lutas, intrigas, caçadas, investigações e muito sangue derramado por aqueles que anseiam por justiça e liberdade contra a força avassaladora dos que se embebedam de poder e se cercam de ganância. A saga dos assassinos, ao longo da história, poderia ser resumida nessa sentença. Mas sabemos que essa história é muito mais que isso. Existe um elemento que está lá, permeando o enredo dessa trama, desde o primeiro golpe de Altair, passando pelos ataques de Ezio, até os combates de Connor: a música.

A meditação do assassino

Oriente Médio, ano de 1191... A Terra-Santa convulsiona com as batalhas e conflitos provocados pelas Cruzadas. E, como sempre, os inocentes padecem nas mãos de tiranos inescrupulosos e gananciosos, encabeçados pelos temíveis Templários. Mas existe um grupo de pessoas que ainda lutam por justiça e se sacrificam em nome da liberdade: os assassinos.

E foi nesse clima histórico do primeiro jogo da série, que o famoso compositor de músicas para filmes e jogos, Jesper Kyd, aceitou o desafio de criar a trilha sonora que acompanharia essa ficção científica que misturava passado e futuro. O músico já era conhecido pelo seu excelente trabalho com a trilha sonora da série Hitman, e, para Assassin’s Creed, Jesper trabalhou em diversos temas para fazer o jogador apurar a audição e retornar quase 1000 anos no tempo. Não foi um trabalho fácil, mas o resultado certamente agradou os ouvidos de muitos jogadores.

“City of Jerusalem” mostra quase todos os elementos musicais do jogo, da mesma forma que a cidade santa exibe toda sua riqueza e contraste cultural. Começa como uma simples melodia e rapidamente se transforma em uma sinfonia de vários instrumentos que se unem para formar uma das músicas mais belas da jornada de Altair.


Uni duni tê... quem será meu próximo alvo?
Cada região percorrida pelo assassino sírio Altair, enquanto ele busca e elimina cada um de seus nove alvos, possui um tema musical próprio. Desde Damasco e suas sinfonias arábicas, passando por Acre com tons mais sacros que remetem a temática cristã da cidade, até Jerusalém que possui uma melodia que mistura as músicas das cidades anteriores, enfatizando o choque entre as culturas e as religiões do Oriente. Também deve-se lembrar as melodias que cercam Masyaf e a morada dos Assassinos: músicas calmas mas poderosas que demonstram o poder e a sabedoria dessa ordem milenar de guerreiros.

A família de Ezio

Quem precisa de pontes quando se é um assassino?
A continuação da saga de Desmond Miles trouxe um capítulo novo cheio de mudanças e inovações para a história do assassino moderno. Além de acrescentar elementos diferentes, cenários fabulosos e tramas mais intricadas do que um romance policial de Agatha Christie, os jogadores foram apresentados ao italiano renascentista mais fanfarrão, mulherão e, futuramente, grande assassino Ezio Auditore da Firenze.

“Ezio’s Family” é, sem sombra de dúvidas, uma das músicas mais bonitas de toda a série, sendo utilizada também na trilha do terceiro jogo, Brotherhood. A melodia é muito linda e os vocais clássicos a tornam mais prazerosa de se ouvir enquanto se vislumbra a emocionante e triste história de Ezio.


Para embalar as aventuras desse jovem assassino, a trilha sonora do segundo jogo abusa de músicas que lembram as canções medievais e renascentistas (além das irritantes "trovas" cantadas pelos menestréis que andam pelas cidades). São melodias compostas por flautas doces, violinos e, quase sempre tocando ao fundo, uma velha e singela rabeca ou alaúde. As músicas são envolventes e marcam cada passagem da vida de Ezio, fazendo o jogador quase sentir-se caminhando lado a lado com o jovem florentino.

“Flight over Venice 1” possui duas versões, porém a primeira versão possui tons mais impactantes. Essa única música consegue de uma forma surpreendente reunir todos os temas do segundo jogo da série de forma fantástica: aventura, emoção e muitas batalhas. Mas é importante notar que apesar de toda sua beleza, a segunda versão dessa música foi escolhida para ser tocada durante o voo de Ezio por Veneza a bordo da máquina voadora de Da Vinci.

Ecos das ruinas romanas

Mil e uma formas de matar
Deixando para trás os campos da Toscana e as pontes de Veneza, nosso mestre assassino parte para continuar a luta contra os Borgia no coração da Itália: Roma. E é dentro dessa cidade que mistura passado e presente que Ezio deverá lutar para devolver a liberdade ao povo romano, ao mesmo tempo em que ele recruta corajosos cidadãos que lutam por sua causa e farão renascer a irmandade dos Assassinos.

“City of Rome” é, certamente, uma das músicas mais marcantes do jogo, tocada durante as caminhadas de Ezio pelas ruas romanas. O ritmo calmo mas poderoso da melodia faz quase faz o jogador voltar no tempo, podendo explorar e viver a história ao vivo.


Muito do estilo musical introduzido no jogo anterior permanece nesse novo capítulo da história de Ezio. No entanto, certas melodias possuem tons mais graves e pesados para evidenciar que a cidade está sob o domínio dos Borgia, enquanto as melodias tocadas durante as passagens pelos campos das redondezas da cidade tem acordes mais suaves com vocais belíssimos que harmonizam com as velhas ruínas romanas.

As encruzilhadas do mundo

Uma nova terra... uma nova jornada
Hora de unir as duas pontas da história para revelar os segredos do passado e salvar o futuro. É com essa ideia que Desmond tenta unir os pedaços de sua memória fragmentada ao mesmo tempo em que revive a jornada de Ezio por Constantinopla (futura Istambul) para desvendar os mistérios da biblioteca de Altair.

“Assassin’s Creed Revelations Main Theme” foi uma composição criada com muito cuidado para encaixar perfeitamente na temática sombria e misteriosa do jogo. Os vocais ficaram por conta da bela e jovem Madeline Bell, que, na época da produção do game, tinha apenas 18 anos.


Para compor a trilha sonora dessa nova jornada de Ezio, Jesper Kyd contou com a ajuda do compositor escocês Lorne Balfe, ganhador do Grammy e responsável por trilhas de filmes dos estúdios de animação da DreamWorks, como Megamente, e do famoso compositor de trilhas para filmes Hans Zimmer, responsável por músicas impressionantes para filmes como Gladiador, A origem e O cavaleiro das trevas. Hans Zimmer participou principalmente da criação das músicas para as cutscenes do jogo e Jesper Kyd dividiu suas tarefas músicas com os companheiros enquanto se ocupava de compor as músicas dos elementos de gameplay do jogo.



“Welcome To Konstantiniyye” é uma das músicas mais bonitas do jogo, tocada durante a chegada de Ezio à Constantinopla e em alguns momentos de caminhadas e investigações pela cidade turca. O temática musical suave dos árabes ganha novos ares com essa melodia que faz o jogador realmente se sentir andando por entre as ruas e o povo da antiga Constantinopla.

Passado e presente em um só lugar
As músicas de Revelations se tornam uma mistura bem-sucedida entre as trilhas sonoras dos jogos anteriores da série.  A temática e os instrumentos árabes se uniram aos sons e melodias renascentistas para mostrar toda a riqueza cultural de Constantinopla. As músicas dedicadas aos encontros de Ezio e Desmond com membros da Primeira Civilização também merecem destaque. Com uma temática futurista e dramática, as melodias fazem os protagonistas tomarem conta de que o tempo para salvar seu mundo está se esgotando rapidamente.

O lutador da liberdade

Para embalar a história de Connor durante sua jornada pela Revolução de Independência americana, Jesper Kyd “passou a tocha” para Lorne Balfe. E o novo encarregado da trilha sonora dessa franquia de sucesso teve que se esforçar: agora é necessário todo um novo tema musical, já que os personagens, ambientes e temática mudaram drasticamente.

Connor no meio de uma batalha que talvez não seja a dele

“Assassin’s Creed III Main Theme” é, como o próprio nome já diz, o tema principal do jogo. A melodia é uma mistura de sons indígenas e dos instrumentos simples dos primeiros colonos da América do Norte. Tudo isso misturado a uma batida frenética e emocionante que traz as aventuras de Connor para o presente conturbado de Desmond.


Dessa forma, músicas típicas da época colonial e o estilo clássico do século 18 se misturam para formar uma trilha sonora belíssima, mas que não possui o mesmo impacto daquelas dos jogos anteriores. Mesmo assim, as músicas do jogo são admiráveis e captam com perfeição o último capítulo da saga de Desmond e as jornadas de Connor por um país jovem mas cheio de coragem e esperança.

“A bitter truth” é a música tocada durante a maioria das sequências de interação do Animus nos assassinatos de alvos templários principais de Connor. Ela traz elementos interessantes, além de reproduzir algumas partes do tema musical principal do jogo. A melodia transmite um ar de pessimismo, uma vez que, durante o discurso de morte dos templários, eles colocam em xeque os ideais de Connor sobre o que realmente significa liberdade.

“O que uma vez foi, novamente será...”

Músicas que remetem a temática futurista também não ficaram de fora da série. Desde os sons e tons estranhos que são ouvidos ao se acessar o Animus até aquelas melodias de fundo suaves durante as mensagens deixadas pelos membros da Primeira Civilização, uma música especial sempre esteve presente.

As vozes da Primeira Civilização ecoam no futuro
“Apple’s Chamber” é, certamente, a mais marcante das músicas com temática futurista/tecnológica da série. Ela foi incluída como uma faixa extra na trilha sonora de Brotherhood e foi utilizada durante o vídeo introdutório de Revelations. A música é tocada pela primeira vez quando Desmond abre a entrada do Templo de Juno no final do terceiro jogo do série e se prepara para, enfim, obter a Maçã do Éden que os assassinos modernos tanto buscavam.


A série Assassin’s Creed passou por diversos momentos da história, e, por cada um deles, deixou uma marca eterna com as impactantes músicas das trilhas sonoras. Canções e melodias são elementos importantes da narrativa de um jogo, mas na saga dos assassinos, elas adquirem uma importância ainda maior. São elas as verdadeiras protagonistas das grandes batalhas, dos momentos de tensão e de cada memória revisitada através dos antepassados de Desmond Miles.
Revisão: Gabriel Toschi 

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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