Acreditamos que a história que aprendemos é composta por fatos e eventos ocorridos da maneira como lemos, ouvimos ou estudamos. Mesmo assim, ao analisarmos uma situação histórica, uma dúvida persiste: será que foi realmente assim que aconteceu. Felizmente, a ficção mais uma vez nos brinda com uma admirável solução ao nosso dilema. Preparem-se para entrar na Animus e descobrir que, no final, a história o é seu playground.
Revivendo o passado
“Essa é a beleza e o horror da Animus.[...] Ela tem o poder de mudar tudo. De nos mostrar a história da maneira como ela realmente aconteceu.”Animus vem do latim e significa “coração” ou “alma” e a máquina faz por merecer seu nome. Esse dispositivo de realidade virtual, com uma tecnologia redescoberta pelas Indústrias Abstergo, acessa as memórias genéticas de um indivíduo através de seu DNA e as renderiza em três dimensões, fazendo com que a pessoa possa ter acesso e visualizar as memórias vividas pelos seus antepassados.
- William Miles, durante o cinematic de introdução de Assassin’s Creed III
O menu de seleção de memórias da Animus 1.28 |
A máquina trabalha em cima da ideia das memórias genéticas, um conceito que explica muitas definições confusas, como o conceito de instinto ou de déjà vu, onde tais ideias nada mais seriam do que o acesso subconsciente das memórias dos antepassados de uma pessoa sendo utilizado em benefício próprio ou apenas para sobrevivência.
Hora de uma aula de história interativa! |
O sistema da Animus consiste em manter o indivíduo selecionado imerso em uma realidade virtual onde um esquema de controles e movimentos, que lembra o modelo de um videogame, lhe dá acesso e interatividade com seu ancestral, da mesma maneira que um criador de bonecos controla suas marionetes. Assim, a pessoa pode interagir e realizar todos os tipos de ações feitas pelo seu ancestral, além de visitar lugares e vivenciar eventos específicos.
Nem no treinamento virtual os guardas têm descanso! |
Consulte um médico e leia bula antes de usar o Animus |
O que é perfeito pode ficar ainda melhor
A Animus, desde a sua versão inicial criada pelo diretor do projeto Dr. Warren Vidic, passou por diversos upgrades e modificações que, em sua maioria, visam melhorias no conforto do usuário ao utilizar a máquina e no acréscimo de bancos de dados específicos para auxiliar na compreensão e estudo de memórias específicas. A seguir, um breve estudo de cada versão criada do Animus:
- Animus 1.0: As primeiras versões da máquina eram utilizadas exclusivamente pelas indústrias Abstergo. A versão 1.0 possuía uma aparência similar a uma cadeira e necessitava de muito suporte externo para seu funcionamento, além de ser extremamente desconfortável. Já o seu upgrade direto, a versão 1.28, tinha um design futurista onde o indivíduo sentava-se em uma mesa cromada e uma tela de cristal de líquido era projetada sobre seus olhos para gerar a visualização e interação com as memórias. Essa última versão foi largamente usada no Programa Animi, onde os templários utilizavam diversas máquinas para treinar recrutas da Ordem utilizando o Bleeding Effect.
Rebecca apresenta a Desmond o seu "bebê" |
- Animus 2.0: Esse modelo foi criado pela engenheira de software e Assassina Rebecca Crane para uso exclusivo dos Assassinos. A versão apresentava diversos upgrades, tanto em seu design quanto em sua interface e firmware. A Animus 2.0 era semelhante a uma cadeira, muito confortável ao usuário, onde o acesso às memórias se dava através de uma injeção no braço do indivíduo e na projeção mental das memórias através de uma placa de sensores em volta da cabeça. A nova versão suportava a adição de um banco de dados que auxiliava a investigação do mundo virtual, além de possuir uma interface melhorada para visualização de memórias específicas. A versão 2.02 manteve todas as características da anterior, mas possuía agora um programa de treinamento virtual, onde o indivíduo podia utilizar as habilidades de seu antepassado para treinar movimentos, lutas e corridas. Também era possível revisitar memórias para executá-las exatamente da mesma maneira que o ancestral as viveu e aumentar o nível de sincronização.
- Animus 2.03: Essa versão do da Animus foi utilizada principalmente como suporte de vida para Desmond depois de ele entrar em um coma profundo no final de Assassin‘s Creed: Brotherhood. E foi na aventura seguinte do assassino, em Assassin’s Creed: Revelations que pudemos conferir o interior misterioso dessa versão. Ela consistia no sistema de base da Animus, o Black Room. Dentro dela, uma ilha simples contendo dados brutos do programa, simulações ambientais e memórias fragmentadas do usuário possibilitavam a investigação de memórias de forma que a consciência debilitada do mesmo pudesse organizar os dados de seus ancestrais e atingir a sincronização máxima, ou seja, um Synch Nexus. Também foi nessa ilha que Desmond encontrou o resto de consciência do Indivíduo Sujeito 16, Clay Kaczmarek, que após morto ficou preso dentro da Animus. Ele auxiliou Desmond a conectar as memórias de seus ancestrais da maneira correta e se sacrificou para impedir que o programa de proteção do Animus deletasse Desmond junto com a ilha ao identificá-lo como um vírus.
Connor na tela de carregamento do Animus 3.0 |
- Animus 3.0: A última atualização do Animus foi realizada por Rebbeca enquanto Desmond estava em coma e adicionou diversos detalhes ao sistema, além de modificar a aparência da interface bruscamente. Novos controles de movimentos para os ancestrais foram adicionados e agora o equipamento necessário para o funcionamento da máquina pode ser acoplado em qualquer superfície plana, tornando o sistema muito mais portável. Dessa maneira, a Animus pode ser ligada sobre uma pedra dentro do Grande Templo em Assasassin’s Creed III.
O sistema de cores e renderização foram outros dos aspectos que mudaram constantemente em cada versão do Animus. Na versão 1.28, a interface do usuário possuía um tom azul e além de um sistema de navegação interativo que guiava o usuário e a tela de carregamento de memória exibia traços de DNA do individuo com flashes de alguns momentos da história do antepassado. A partir da versão 2.0, além do visual do programa mudar para um tom branco, o banco de dados do sistema era tão rico e complexo que quando as cidades e localidades do passado são carregadas pode-se perceber cada prédio, local e pessoa sendo “puxado” para o modo virtual diretamente da memória do programa. No Black Room, notava-se que o sistema possuía um visual escuro e muitas vezes percebiam-se falhas e bugs sutis no carregamento de memórias devido à instabilidade da versão. A última versão do programa apresenta uma aparência mais trabalhada, além de um sistema de renderização de imagens aprimorado, mostrando mais detalhes do ambiente histórico.
A Animus é uma máquina fantástica, que realmente mostra todo o poder que uma tecnologia da ficção pode alcançar. Capaz de nos transportar para os momentos mais remotos da história, esse dispositivo nos mostra cada detalhe da saga da humanidade sobre a Terra. Com certeza livros são importantes como ferramentas de conhecimento e informação, mas nada melhor do que literalmente reviver a história sob os olhos de outra pessoa e descobrir que nada está de fato escrito a ferro e fogo.
Revisão: Rafael Becker