Geração dos games
Como somos vistos
Não vou nem perguntar quem já ouviu coisas do tipo "videogame é coisa de criança" ou "videogame é coisa de vagabundo". De fato os jogadores da Geração Y que cresceram jogando irão escutar isso ainda por muito tempo. É um mal desnecessário, que temos que aturar e ignorar. Sabemos muito bem que videogames são poderosos aliados de raciocínio, cognição e coordenação motora. Temos uma referência sobre isto em nosso site, com a postagem "Brincando de aprender: videogames e educação". Talvez o grande ponto desse preconceito seja primeiro como as pessoas que criticam os jogos, já que tendenciosamente elas veem os jogadores como produtos dos jogos, dizendo por vezes que eles causam influências no comportamento, escolhas e até no psicológico dos jogadores, como pudemos acompanhar há pouco tempo alguns casos que estouraram na mídia nacional e internacional. Se os jogos continuarem sendo tratados como brinquedos, isso irá perdurar mais ainda.Mario 8-bit, ícone dos games. |
O "coisa de criança" surge da premissa que os jogos são brinquedos, já que os primeiros consumidores foram as crianças da Geração Y, que agora estão crescidas e inseridas neste mercado que amadurece cada dia mais, tanto economicamente quanto em seu conteúdo de hardware e software, enraizando um preconceito desde o começo dos videogames. Uma discussão pertinente sobre o assunto dos jogos serem considerados brinquedos, vocês podem conferir no PlayStation Blast, na postagem "Games: brinquedos ou mídia cultural?". É uma leitura complementar interessantíssima para abranger este artigo (indico que leiam todos os links dispostos durante o texto para ter uma visão mais completa sobre todo o assunto de jogos e preconceito).
A criança cresceu
Quem aborda o assunto com esse tipo de preconceito é quem realmente nunca jogou ou teve pouco contato com esse tipo de mídia e não tem conhecimento suficiente para falar sobre o assunto. Mesmo assim, fala. De fato os jogos eram mais infantis no começo, até mesmo pela limitação técnica da época. Mas mesmo assim já existiam jogos com conteúdo mais maduro e os que exigiam um pouco mais de raciocínio. Mas o tempo passou, a indústria evoluiu e os games também. Os jogos foram crescendo junto com as crianças da época, se tornando maduros, difíceis e exigindo mais raciocínio. Então existe o videogame de criança e existe o videogame de adulto. Ou as pessoas pensam que os jogos que exibem classificação etária de 18 anos são somente para assustarem as criancinhas? A classificação está ali porque é um jogo maduro, destinado a adultos.Estamos sendo bombardeados
Não adianta, podemos falar mil vezes, mas as pessoas que acham que videogame é coisa de criança não mudarão suas opiniões, não querem e nem se dão ou darão ao trabalho de tentar. Isto pode causar uma retração, causa e efeito. Tendo em vista que somos minoria, vários tipos de preconceitos podem surgir contra nós, pelo simples fato de sermos jogadores de videogames. Podemos ser ignorados, tratados como infantis. Podemos perder namoradas, amigos e até empregos. Se bem que eu penso que namorada ou amigo que te largue ou faça você querer largar videogame alegando ser algo infantil, não merece a atenção, deveria pelo menos ter o respeito já que estão numa posição de relacionamento tão próxima a nós, gamers. Imaginem a seguinte possibilidade: você é um jogador e gosta de vestir camisetas que externam isto. Então você vai para uma entrevista de emprego e o entrevistador é um desses preconceituosos. Ele vê sua camiseta e automaticamente pensa: "não quero este sujeito infantil trabalhando comigo. Ele não vai saber lidar com as tarefas difíceis". Isso pode acontecer, é extremamente plausível. Isto pode nos afetar nos estudos, nossa vida social, até dentro de nossa própria família. É algo muito sério que deve ser mudado.Conheço pessoas que têm familiares que repudiam o ato de jogar. Eu mesmo sofro com isso na minha família. Tenho parentes que me consideram infantilizado, imaturo e que me julgam incapaz de crescer pelo fato de eu jogar videogames e ser um fã veemente. Ouço sempre: "Não acha que já passou da época de jogar não? Isso é coisa de criança". Isso me dá uma profunda tristeza, apenas abaixo a cabeça, balanço negativamente e digo: "existem jogos de crianças e jogos de adultos". Jogar videogame estimula raciocínio, cognição e demanda concentração. Não é uma tarefa infantil, é entretenimento para todas as idades.
Revisão: Rafael Becker